quarta-feira, 19 de maio de 2010

Educação Sexual


A turma do 1ºano do Centro Escolar de Atães, no âmbito da educação para a sexualidade, visualizou um power point sobre o livro "Será que a Joaninha tem pilinha?" do autor Thierry Lenain.
Escrito por profª Patrícia Faria

terça-feira, 18 de maio de 2010

FEIRA QUINHENTISTA














Teatro

A Vida de Sá de Miranda - As Lições do Tonecas (Imitação)

Professor – Silêncio!... Hoje vamos falar de um grande homem!
Tonecas – Sei, sim senhor. Quanto tem de altura?
Professor – Está a mangar comigo, Tonecas? Vamos falar de Francisco de Sá de Miranda. Ora preste atenção: este homem nasceu em Coimbra! Filho do cónego Gonçalo Mendes de Sá e de Dª Inês de Melo.
Tonecas – Perdão, perdão!... cónego deve estar mal pronunciado. Lá em casa, a minha mãe diz para o meu pai que o co-né-go da Sé podia ter sido meu padrinho!, para me ensinar Latim.
Professor – Mas o Tonecas estará a mangar comigo outra vez?! Menino, ouça, porque o professor, aqui, sou eu! Eu disse cónego, CÓNEGO!, que é uma espécie de sacerdote, um padre, entendeu, seu desalmado?!
Tonecas – (Chora). Posso não ser bom aluno, mas sou bom católico, vou à missa ao domingo e ao sábado. E vou à catequese à hora de almoço.
Professor – (Irónico) À hora de almoço!... com que então é por isso que chega atrasado às aulas da tarde!...
Tonecas – É por isso mesmo, sr. professor. Acertou em cheio.
(A parte ) Que bela desculpa que arranjei!
Professor – Prossigamos. Sá de Miranda, licenciou-se em Direito, pela Universidade de Lisboa.
Tonecas – Muito obrigado, senhor professor, mas direito ando eu a frequentar todos os dias na catequese. A minha mãezinha até diz para o meu pai: “Ó Silvestre, o nosso Tonecas anda tão direito, que nem parece o mesmo!”
Professor – Não é isso! Não é nada disso! Sá de Miranda escolheu direito para exercer a profissão de advogado, ouviu, menino Tonecas?
Tonecas – Esse Sá de Miranda… não tinha mais que fazer?!
Professor – Sim. Efectivamente tinha. Logo após a morte de seu pai, foi para Itália, onde conviveu com os mestres de uma nova corrente: a renascentista.
Tonecas – Ai, que bom! Eu gosto tanto de histórias! Mas essa é muito estranha. Há correntes de ar frio, há as correntes do Norte!... Eu nunca tinha ouvido falar na corrente renascentista!
Professor – Ora preste atenção: a corrente renascentista quer dizer que se fez renascer, voltar a viver, aquilo que tinha sido tão importante para a humanidade: a valorização do homem e da natureza, numa visão empírica e científica!
Tonecas – Apoiado, muito bem!... Boa resposta, sim, senhor!...
Professor – E agora prossigamos com a nossa lição!…
Tonecas – Ó senhor professor, não poderíamos ficar por aqui?...
Professor – Claro que não! Amanhã vamos realizar uma ficha de avaliação com este assunto. (Pequena pausa) Sá de Miranda regressou a Portugal em 1526 e trouxe consigo as novas técnicas de escrita, introduzindo em Portugal a corrente renascentista.
Tonecas – Outra vez “a corrente renascentista”! Senhor professor, não me fale mais em correntes que eu não sou nenhum cão!
Professor – Toneeecas!, não me ponha a rosnar!
Tonecas – Senhor professor, prossigamos!
Professor – Das formas poéticas que trouxe e que mais sucesso fez foi o soneto: um poema de 14 versos, duas quadras e dois tercetos!
Tonecas – (De braço no ar, a pedir a palavra, desata a falar sem autorização) Uma das quadras conheço: é a quadra natalícia!
Professor – Não se trata dessa quadra, meu paralelepípedo!... AAAAh! Desculpe, Tonecas, mil perdões! Uma quadra é um conjunto de versos!...
Eu hoje vou consigo à catequese e peço à catequista para me deixar explicar melhor este assunto das quadras.
Tonecas – Não é necessário, eu já percebi tudo! (A parte) Este quer desmascarar-me!
Professor – O rei apreciava os escritos do poeta, pagava-lhe para animar os saraus poéticos da corte, mas Sá de Miranda, homem culto e íntegro, afastou-se para as terras do Minho, Vila Verde e, por fim, Amares, para se proteger da hipocrisia que reinava na corte, à volta do rei. Preferiu o amanho da terra, a música, a poesia e defender o povo desprotegido! Grande Homem, como o admiro! (Vagueia).
Tonecas – Eu acho que o senhor professor se enganou quando disse Minho: não seria Milho? Com esta crise, é mais importante o milho!...
Professor – Nem só do pão vive o homem, menino Tonecas. A alma também precisa de alimento e esse há muito que está em crise.
Tonecas – Senhor professor, que alimento é esse que me quer dar para a alma? (muito curioso!)
Professor – A leitura, é a leitura que nos alimenta a alma, o nosso espírito…
Tonecas – AAAAAH! Agora percebo! (Chora) (E, por fim, lamenta-se:)“eu sou um desalmado". (volta a chorar)
Professor – Pronto, menino Tonecas, é tão novo… ainda está a tempo de a salvar!... De salvar a sua alma…
(Faz-se um silêncio momentâneo)
Tonecas – (Alegrando-se) A esperança é a última a morrer!
Professor – Este poeta, conhecido pelo poeta do Neiva, por ter vivido numa quinta oferecida pelo Rei, uma comenda, portanto, em Duas Igrejas, junto ao rio Neiva, em Vila Verde, foi muito admirado por todos.
Tonecas – Por mim, não foi! Exclua-me, senhor professor! Exclua-me dessa lista!
Professor – Tonecas, qual lista? Falta pouco para acabar a aula, esforce-se por estar finalmente atento. Sá de Miranda nasceu a 28 de Agosto de 1481.
Tonecas – Senhor professor, ele era casado? Tinha alguma filha?
Professor – Casou com Dª Briolanja de Azevedo, com quem teve dois filhos: Gonçalo e Jerónimo.
Tonecas - Casou com Dª Laranja?! Senhor professor, essa senhora não seria de Amares, terra da boa laranja?!
Professor – Tonecas, estou farto de si! A aula acaba por hoje! Desapareça!
Tonecas - Desculpe, senhor professor! Eu prometo que amanhã, durante a ficha de avaliação, se vier para a minha beira, vou-lhe dar ouvidos!
Senhor professor, sabe o que me contaram à hora de almoço?
Professor - O que foi, Tonecas!...
Tonecas - Contaram-me, na barbearia do Zé da Pipa, que Sá de Miranda depois da morte do seu filho Gonçalo, em Ceuta, nunca mais cortou a barba, nem o cabelo, nem as unhas! Será verdade?
Professor - Não acredite em tudo o que ouve, menino Tonecas!
Tonecas – Bem faço eu em não o ouvir a si, não acha?!
(O Tonecas sai disparado da sala de aula e o professor, que o ameaça, fica a rir das palhaçadas do aluno).
Professor – (Em forma de desabafo) Ai, Tonecas! Vou morrer santo só de o aturar!






Escrito por Teresa Soares
(17 de Maio de 2010)

Esta peça de teatro vai a palco a 19 de Maio de 2010; trabalho de articulação entre a BE CRE e a sala de aula, neste caso, com o 4º ano e a professora Ilda Neto.